17 agosto 2016

TRINTA ANOS DE SAUDADE


Numa tarde fria do dia 17 de agosto de 1986, aos 63 anos de idade, partia para a Estância Celestial, o meu saudoso e queridíssimo pai, Jarcy Cândido dos Reis, grande tradicionalista e líder comunitário. Em sua passagem por este plano, o pai deixou importantes exemplos de religiosidade, de solidariedade, de fraternidade, de amor ao próximo e, sobretudo, de humildade. Nascido em 4 de janeiro de 1923, “lá nas Lagoa”, interior de São Francisco de Paula, meu pai era um autêntico gaúcho serrano e conservou esse jeito de ser até os últimos dias de sua existência. Viveu a maior parte de sua vida em Santo Antônio da Patrulha, onde fixou raízes a partir da década de 1940. Casou-se, em 1949, com a minha mãe, Maria Oliveira dos Reis, com quem teve três filhos: Dalva, Pedro e este que vos escreve. Com o passar do tempo, inseriu-se de forma marcante na comunidade patrulhense. Ajudou a instalar uma paróquia da Igreja Episcopal Anglicana e foi um dos fundadores do Ctg Cel Chico Borges, tendo ocupado vários cargos na patronagem da entidade, chegando ao posto máximo de Patrão, em 1977. De 1978 a 1981, exerceu o cargo de coordenador da 23ª Região Tradicionalista do MTG, entidade da qual também foi conselheiro. Esta sua paixão pela tradição fez brotar em mim e nos meus irmãos, o gosto pela arte, pela cultura e pelo regionalismo gaúcho, legado este que já alcançou seus netos e bisnetos. Em 1981, uma grave enfermidade fez com que ele perdesse a visão. Apesar deste infortúnio, conseguiu manter o bom humor, sua fé inabalável e aquela fantástica vocação para falar a coisa certa na hora certa, a qualquer um que o procurasse em busca de conselhos. Em 1982, foi merecidamente agraciado com o Título de Cidadão Patrulhense. 

Após a sua morte, meu pai foi merecedor de diversas homenagens da comunidade de Santo Antônio da Patrulha. Dentre estas deferências, destaco o fato de existir uma rua com seu nome, no bairro Cidade Nova, e a gentileza da Moenda da Canção em oferecer ao Melhor Letrista do festival o Troféu Jarcy Cândido dos Reis.
Passados trinta anos sem a presença física do meu pai, a saudade ainda é enorme, pois ele foi, e sempre será, meu amigo, meu ídolo e uma referência em todos os aspectos da vida.

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