O amanhecer deste sábado, 30 de setembro, traz a triste noticia do falecimento do acordeonista, cantor e compositor Adelar Bertussi, um dos símbolos da tradição e da música regional gaúcha.Ele estava internado num hospital de Curitiba e foi vitimado por insuficiência cardíaca.
Juntamente com seu irmão Honeyde, dez anos mais velho, Adelar formou, a
partir de 1955, a dupla Irmãos Bertussi, responsável pelo surgimento da
autêntica música de baile no Rio Grande do Sul. Os Bertussi foram precursores também, na prática de animar bailes com dueto de cordeonas e pela introdução da bateria
como instrumento musical, novidades para uma época em que os fandangos eram
animados por trios formados somente por gaita, violão e pandeiro. Em 1966, Adelar separou-se artisticamente
de Honeyde, iniciando carreira solo. Em 1972, Adelar e Honeyde se
reconciliam e gravam o LP “Sangue de Gaúcho”, mais um sucesso na já exitosa
carreira dos Irmãos Bertussi. A dupla separa-se novamente. Em 1974, Adelar foi eleito vereador de
Caxias do Sul. Mais tarde, criou e participou do conjunto Os Cobras do
Teclado, tendo como principal parceiro o também acordeonista Itajaíba
Matanna. Após a morte do irmão Honeyde, ocorrida em 1996, Adelar deu
segmento a tradição musical da família através do Conjunto Os Bertussi, na
companhia de seu filho, e também acordeonista, Gilney Bertussi.
O conjunto Os Bertussi continua em atividade, animando bailes pelo Brasil inteiro.
Adelar ainda fazia participações especiais em alguns destes compromissos.
Em 2012, Adelar Bertussi foi homenageado no livro Pilares da Tradição, publicado pelo
escritor Renato Mendonça em parceria com o fotógrafo Emílio Pedroso.
Adelar Bertussi Siqueira,
nasceu na localidade de São Jorge da Mulada, distrito de Criúva, à época
interior do município de São Francisco de Paula, hoje pertencente a Caxias do
Sul.
Nota pessoal:
Tive o privilégio de conhecer pessoalmente o mestre Adelar, ainda na década de 80, num baile animado pelos Cobras do Teclado, no Rodeio Crioulo de Glorinha. Muito depois, em 2004, tive o privilégio de recebê-lo numa edição do programa Do Litoral à Fronteira, ainda na Rádio Rural, oportunidade em que ele me presenteou com cópias autografadas dos dois primeiros discos dos Irmãos Bertussi, lançados em 1955 e 1956. Mais tarde, em duas oportunidades distintas, Adelar Bertussi atuou como jurado em dois festivais, nos quais eu trabalhei na comissão organizadora, o 14º Ronco do Bugio de São Francisco de Paula e o 1º Laçador da Canto Nativo de Porto Alegre. Nestas ocasiões pude perceber o vasto conhecimento sobre a música regional gaúcha e brasileira, que ele acumulou nas suas pesquisas e no seu andejar artístico.
Adelar era a história viva da música gaúcha.Que bom que Deus me de deu a oportunidade de beber desta fonte.
O Rio Grande está de luto.
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