21 julho 2021

MIGUEL BICCA MORRE EM SÃO BORJA

O universo poético e musical do Rio Grande do Sul ficou mais triste na manhã desta quarta-feira, 21 de julho.  Morreu em São Borja, vitima de câncer, o poeta, compositor e cantor Miguel Bicca, um dos personagens mais importantes para os ambientes artístico e cultural das regiões missioneira e fronteiriça.  M
e considero amigo do Miguel, além de admirar suas obras e o seu caráter.
Miguel Bicca nasceu em Cachoeira do Sul, em 1º de janeiro de 1941. 
Em 1963, já em São Borja, participou da criação do grupo amador de arte Os Angüeras, juntamente com seu irmão José Bicca e os amigos Apparício Silva Rillo, Carlos Crispim Moreno (o "Pimpim"), Antônio Carlos Lara de Souza (o "Caco") e Ernando Garcia Coelho.
Embora não tenha participado da primeira formação d'Os Angueras,  não tardou muito para integrá-lo, atuando por 15 anos nas funções de compositor, ritmista e vocalista. 
Na década de 1980, passou a dedicar-se à carreira individual, tendo gravado os discos "Costeiros", "Meus Rios e Veredas" e "Paleteando", este último, em parceria com seus fiel amigo Sabani Felipe de Souza. 
Miguel é autor de músicas consagradas como "Rios e Rumos", "Viramato", "Janaína", "Barco Perdido", "Saudade de Pai", "Falquejando", "São as Armas Que Conheço", entre outras...
Suas canções abordam principalmente a temática do rio Uruguai, da vida nas barrancas, além de tratarem da mulher gaúcha e da vida no campo.
Miguel Bicca sempre foi figura assídua nos festivais nativistas, concorrendo ou atuando como jurado.
Tive privilégio de conviver com ele em diversos festivais, inclusive no 1º Canto Missioneiro, quando eu era o produtor executivo e ele integrante da comissão avaliadora daquela edição histórica.  

No início de 2021, fiquei sabendo que o Miguel estava enfrentando um grave problema de saúde, cujo tratamento especializado provocou a escacez dos recursos financeiros, dele e de seus familiares.  Na tentativa de minimizar essa carência, alguns amigos do Miguel promoveram algumas ações em seu benefício.  Eu também resolvi dar uma mão.  Passei a divulgar o livro "Estradeando", nos espaços que disponho na mídia e, ao mesmo tempo,  usei as redes sociais para convidar o publico em geral a adquirir um ou mais exemplares da obra.   O livro foi publicado originalmente em 1979 e reeditado em 2021, por inciaitiva do amigo Tono Pinheiro. 
Para satisfação minha e do Miguel, nossa ação resultou na comercialização de 81 livros e 5 CDs, gerando uma arrecadação de R$ 8.540,00, que se não é muito, serviu de ajuda para suportar os gastos com o dispendioso tratamento.

Infelizmente o Miguel nos deixou, mas ficam as melhores lembranças suas, como cidadão, como conhecedor da cultura regional e como autor de grandes obras, eternizadas por interpretações suas e da legião de amigos e admiradores que ele sabia preservar como poucos.

Vai com Deus, amigo Miguel Bicca.   Baita abraço. 

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