Setembro de 1947: Paixão Cortes e a primeira Chama Crioula |
Já faz algum tempo que tenho vontade de
abordar um assunto que tem tudo a ver com este período que vivenciamos aqui no
Rio Grande do Sul.
Todo rio-grandense sabe, ou pelo menos deveria
saber, que a Chama Crioula, símbolo máximo da tradição gaúcha, foi gerada em Porto
Alegre, no dia 07 de setembro de 1947, por oito alunos do colégio Júlio de
Castilhos. Naquela data histórica, o jovem João Carlos D’Ávila Paixão Cortes,
líder daquele piquete, empunhando um pedaço de madeira com uma estopa amarrada
na ponta, aproximou-se da Pira da Pátria, que ardia desde o dia 1º de setembro
e, antes que fosse extinto o Fogo Simbólico, colheu dele uma centelha. Minutos depois, aquele grupo de jovens gaúchos,
posteriormente nominados de Grupo dos Oito, conduziu a tocha improvisada para o
ambiente interno da escola, onde foi transferida para um candeeiro crioulo,
para arder e ser venerada até o dia 20 de setembro daquele ano.
Naqueles momentos impregnados de civismo e de amor
ao Rio Grande do Sul, nascia a Chama Crioula e, por conseguinte, também estava
sendo criada a 1º Ronda Crioula, comemoração precursora da atual Semana
Farroupilha, ou Festejos Farroupilhas, como queiram.
O teor desta breve narrativa serve de mote
para que eu externe algumas das minhas inquietações.
- Por que, nos dias atuais, a Chama Crioula
não é gerada a partir da Pira da Pátria, como nos ensinaram os criadores dessa
egrégia simbologia?
- Não seria essa a maneira correta de respeitarmos
a história e a nossa tradição?
Todavia, meus amigos, o que presenciamos oficialmente,
a partir de 2001, é o Acendimento Oficial da Chama Crioula sendo realizado em diversos
municípios do Rio Grande do Sul, e até mesmo em Santa Catarina e no Uruguai, mas,
na segunda quinzena do mês de agosto.
Inclusive
existe uma portaria, de nº 39/2014, exarada pelo MTG – Movimento Tradicionalista
Gaúcho, após ser aprovada na 79ª Convenção Tradicionalista, realizada em julho/2014,
em Caxias do Sul, estabelecendo uma cronologia e apresentando as cidades nas
quais deverão ocorrer as solenidades de Acendimento da Chama Crioula e, por
conseguinte, dar início aos Festejos Farroupilhas do estado até o ano de 2044.
Alguém saberia apontar os critérios utilizados
para a definição dos referidos municípios?
Não tenho nada contra a itinerância do Acendimento
da Chama Crioula e muito menos refuto as comunidades escolhidas. O que me causa
desconforto é o fato do Lume Farrapo ser gerado num mês de agosto, em total
desacordo com a sua origem histórica.
Que acendam a Chama Crioula anualmente nos municípios
já eleitos na citada Portaria, mas por favor, o façam de maneira correta, colhendo
um fragmento do Fogo Simbólico, durante a Semana da Pátria. Ficaria muito mais bonito e, acima de tudo, legítimo.
Sob a alegação de desrespeito à história e às
tradições gaúchas, o MTG tem sido extremamente rigoroso com aqueles que não
cumprem algumas de suas regras. Entendo
porém que nesta situação por mim expressa, a entidade abandona o costumeiro
rigor e negligência um aspecto fundamental para a autenticidade de um dos mais respeitados
e celebrados momentos cívicos do povo gaúcho.
A Chama Crioula deve ser colhida da Pira da
Pátria, como fez Paixão Cortes.
Quem está comigo nesta luta?
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