06 setembro 2019

CHAMA CRIOULA: GEREM-NA COMO PAIXÃO ENSINOU.

Setembro de 1947: Paixão Cortes e a primeira Chama Crioula

Já faz algum tempo que tenho vontade de abordar um assunto que tem tudo a ver com este período que vivenciamos aqui no Rio Grande do Sul.

Todo rio-grandense sabe, ou pelo menos deveria saber, que a Chama Crioula, símbolo máximo da tradição gaúcha, foi gerada em Porto Alegre, no dia 07 de setembro de 1947, por oito alunos do colégio Júlio de Castilhos. Naquela data histórica, o jovem João Carlos D’Ávila Paixão Cortes, líder daquele piquete, empunhando um pedaço de madeira com uma estopa amarrada na ponta, aproximou-se da Pira da Pátria, que ardia desde o dia 1º de setembro e, antes que fosse extinto o Fogo Simbólico, colheu dele uma centelha.  Minutos depois, aquele grupo de jovens gaúchos, posteriormente nominados de Grupo dos Oito, conduziu a tocha improvisada para o ambiente interno da escola, onde foi transferida para um candeeiro crioulo, para arder e ser venerada até o dia 20 de setembro daquele ano.
Naqueles momentos impregnados de civismo e de amor ao Rio Grande do Sul, nascia a Chama Crioula e, por conseguinte, também estava sendo criada a 1º Ronda Crioula, comemoração precursora da atual Semana Farroupilha, ou Festejos Farroupilhas, como queiram.

O teor desta breve narrativa serve de mote para que eu externe algumas das minhas inquietações. 
- Por que, nos dias atuais, a Chama Crioula não é gerada a partir da Pira da Pátria, como nos ensinaram os criadores dessa egrégia simbologia?   
 
- Não seria essa a maneira correta de respeitarmos a história e a nossa tradição?

Todavia, meus amigos, o que presenciamos oficialmente, a partir de 2001, é o Acendimento Oficial da Chama Crioula sendo realizado em diversos municípios do Rio Grande do Sul, e até mesmo em Santa Catarina e no Uruguai, mas, na segunda quinzena do mês de agosto.
Inclusive existe uma portaria, de nº 39/2014, exarada pelo MTG – Movimento Tradicionalista Gaúcho, após ser aprovada na 79ª Convenção Tradicionalista, realizada em julho/2014, em Caxias do Sul, estabelecendo uma cronologia e apresentando as cidades nas quais deverão ocorrer as solenidades de Acendimento da Chama Crioula e, por conseguinte, dar início aos Festejos Farroupilhas do estado até o ano de 2044.  
Alguém saberia apontar os critérios utilizados para a definição dos referidos municípios?

Não tenho nada contra a itinerância do Acendimento da Chama Crioula e muito menos refuto as comunidades escolhidas. O que me causa desconforto é o fato do Lume Farrapo ser gerado num mês de agosto, em total desacordo com a sua origem histórica.  
Que acendam a Chama Crioula anualmente nos municípios já eleitos na citada Portaria, mas por favor, o façam de maneira correta, colhendo um fragmento do Fogo Simbólico, durante a Semana da Pátria. Ficaria muito mais bonito e, acima de tudo, legítimo. 

Sob a alegação de desrespeito à história e às tradições gaúchas, o MTG tem sido extremamente rigoroso com aqueles que não cumprem algumas de suas regras.  Entendo porém que nesta situação por mim expressa, a entidade abandona o costumeiro rigor e negligência um aspecto fundamental para a autenticidade de um dos mais respeitados e celebrados momentos cívicos do povo gaúcho.

A Chama Crioula deve ser colhida da Pira da Pátria, como fez Paixão Cortes.  

Quem está comigo nesta luta?

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