27 agosto 2018

O RIO GRANDE PERDE O MESTRE PAIXÃO CÔRTES

Morreu na tarde desta segunda-feira, 27 de agosto, aos 91 anos de idade, o folclorista, pesquisador, escritor, radialista, agrônomo e grande mestre João Carlos D’Ávila Paixão Cortes. 
Uma perda irreparável para o cenário da tradição gaúcha. 
Paixão Côrtes é um personagem decisivo da cultura gaúcha e do movimento tradicionalista no Rio Grande do Sul, do qual foi um dos formuladores, juntamente com Luiz Carlos Babosa Lessa. Juntos, partiram para a pesquisa de campo, viajando pelo interior, para recuperar traços da cultura do Rio Grande.
Em setembro de 1947, colheu uma centelha do fogo simbólico da pátria e com este gesto acabou criando o que os gaúchos denominaram de Chama Crioula.  Na mesma época, criou, com o apoio de outros jovens estudantes, a 1ª Ronda Crioula, de 07 a 20 de setembro, período de veneração a história e aos costumes do homem rural gaúcho.
Em 1948, ajudou a organizou e fundar o 35CTG e, em 1953, fundou o pioneiro Conjunto Folclórico Tropeiros da Tradição.
Em 1954, serviu de modelo para a estátua do Laçador, obra do escultor Antônio Caringi. O Monumento ao Laçador foi consagrado como símbolo da cidade de Porto Alegre, por eleição popular realizada no ano de 1992.
De 1958 a 1960, Paixão Côrtes proferiu palestras e apresentou-se artisticamente nos mais conceituados espaços culturais da Europa.
De 1960 aos dias de hoje, Paixão Cortes recebeu, no Brasil e no exterior, inúmeras condecorações, prêmios e troféus em reconhecimento a suas atuações em favor do folclore e da cultura regional gaúcha. 
Em 1960, foi convidado por Maurício Sirotsky para apresentar o programa Festança na querência na Rádio Gaúcha, que ficou no ar até 1967
Em 2003, Paixão lançou seu novo manual, com mais danças, derivadas do primeiro, tais como: Valsa da Mão Trocada, Mazurca Marcada, Mazurca Galopeada, Sarna, Graxaim.
Em 2010 foi escolhido patrono da 56ª Feira do Livro de Porto Alegre.  
João Carlos D'Ávila Paixão Côrtes nasceu em Santana do Livramento, no dia 12 de julho de 1927.

Nota pessoal:  Ainda estão bem vivas na minha memória as diversas visitas de Paixão Côrtes a minha cidade natal Santo Antônio da Patrulha, especialmente daquelas oportunidades em que ele esteve na casa dos meus pais, especialmente para  colher, junto aos meus avós paternos, Vó Tina e Vô Lídio, preciosas informações sobre a coreografia de uma dança muito antiga chamada "Chorosa", que depois publicou num de seus livros.  
Aos mais tarde, servi de assessor pra ele, fotografando outra de suas pesquisas realizadas em Santo Antônio.  Desta feita, estivemos na residência do senhor João Gomes dos Santos, o "Seu Gita", onde Paixão "aprendeu"  e recolheu a coreografia da "Mazurca Marcada", outra  dança antiga muito praticada  nos bailes que aconteciam na região entre Santo Antônio e São Francisco de Paula.
Agradeço a Deus pelo privilégio de ter conhecido e privado da amizade do grande Paixão Côrtes.     

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